sábado, 31 de março de 2012

O que é Ressuscitar?

A ressurreição é uma resposta para a morte. Mas a morte é um assunto tão desagradável que a gente prefere achar que ela só é para os outros.

Mesmo assim, chega até nós uma pergunta que nos atinge diretamente: "O que vem depois da morte?" "Depois da morte a gente..."

Alguns acham que nós desaparecemos com a morte.

Outros dizem que ninguém sabe o que vem depois. Uns dizem que somos uma energia cósmica, que ao morrer voltamos à energia do universo.

E pela reencarnação se diz que após a morte voltamos em diferentes corpos sucessivas reencarnações, até atingir a perfeição e não precisar mais voltar.

A fé cristã afirma que a ressurreição é uma transformação de nós, pelo poder amoroso de Deus. Assim, a morte física não é o fim, mas uma passagem ou etapa de nossa vida. Na missa dos mortos, rezamos: "Para quem crê, a vida não é tirada, mas transformada".

A ressurreição não quer dizer imortalidade da alma, que voltaria para um corpo que morreu. Ela é antes de tudo a transformação da pessoa integralmente. Transformação? Em que consiste?

Sobre isso uma vez uma criança deu uma resposta genial: "Quando a gente morre, a gente passa para outra dimensão; a gente nunca vai entender direito isto enquanto não passar por ela".

Esta é uma explicação interessante, mas que pode ser melhorada. A transformação final na morte física assusta, pois é desconhecida.

Então, a gente não tem pressa de "passar desta para a melhor". Mas antes dessa transformação, há muitas outras que são como ensaios da ressurreição final. Nossa vida é uma história que se desenrola: estamos sempre morrendo para isto e nascendo para aquilo. A fé cristã já coloca a ressurreição quando morremos para o egoísmo e nascemos para o amor.

Essa morte também não é fácil, mas por ser diluída, às vezes a gente percebe menos. Ou então nos descuidamos de assumir e treinar a ressurreição. De fato, a ressurreição pode ser entendida como um caminho que a gente escolhe.

Por isso São Paulo adverte: "Se vocês ressuscitaram com Cristo, busquem as coisas do alto". Uma condição indispensável para a ressurreição final e de cada dia é a confiança em Deus.

Pe Márcio Fabri dos Anjos. C.SS.R.
Revista de Aparecida

O que é a festa da Páscoa?

A festa da Páscoa é a festa mais antiga, não só dentro do cristianismo.

Ela, na sua origem, é uma festa judaica na qual se celebra a libertação do Egito, um grande momento na história do povo de Israel onde eles fazem a experiência da libertação do Deus que vem ao encontro deles, os tira da escravidão, faz passar pelo Mar Vermelho, leva até o Monte Sinai, para lá fazer a aliança com ele, e depois prosseguir sua caminhada até a terra prometida.

A terra onde jorra leite e mel.

Depois, com Jesus Cristo, esta festa ganha outro sentido.

Não mais a libertação do Egito, mas do pecado e da morte. Não mais a passagem pelo Mar vermelho, mas a passagem da morte para a ressurreição de Jesus, que está presente no meio de nós. Isso é a Festa da Páscoa.

E nós fazemos memória, nós recordamos. A palavra recordar significa trazer de novo ao coração. Essa é a experiência da morte e ressurreição de Jesus. Não apenas como um fato do passado. Mas é um fato que hoje, aqui e agora, acontece novamente na vida de cada um de nós. Esse é o sentido da liturgia. Não apenas lembrar.

Lembramos também, mas nós lembramos porque sabemos que o Senhor, aqui e agora, ressuscita conosco. Então isso é a festa da Páscoa para nós. Com todos os hinos, com todos os símbolos, com toda a palavra. É essa a celebração que nós estamos fazendo.

Pe Carlos Gustavo Hass
Revista de Aparecida

Vivendo a Páscoa nos dias atuais





A liturgia não é um momento separado da vida da gente. Não existe uma liturgia fora da vida.

Se eu vou a igreja é porque lá é o lugar para o meu encontro para rezar, para cantar, para participar da Eucaristia.

É porque eu quero viver isso no meu dia-a-dia. Com a minha família, no meu trabalho, eu preciso ser uma pessoa como Jesus Ressuscitado.

Que supera a vida, que supera a morte, que faz de tudo superar situações de escravidão e viver a serviço da vida. Sermos pessoas do túmulo vazio transmitindo a alegria e vida.

A sociedade está fechada no túmulo da economia, no túmulo do lucro. Está sobrando carros e faltando comida. Os governos dos poderosos investem na guerra, mas não dá o que comer aos pobres.

É um mundo que ainda está dentro do túmulo, que ainda não se abriu para a ressurreição. Estão fechados dentro do túmulo, então estão se quebrando, apavorados, pois estão procurando Jesus no lugar errado. O anjo disse: 'por que procura entre os mortos aquele que está vivo' (Lc 24,5)? Celebrar a páscoa é celebrar o túmulo vazio, celebrando a justiça, a vida, a fraternidade. Devemos ser cristãos da ressurreição. Da vida nova. Claro que tudo passa pela cruz, pela morte, mas se chega à ressurreição!

Isso que é hoje ser um cristão. Sermos cristãos vivos na alegria. Alegrai-vos o Senhor ressuscitou! Nós vamos cantar Aleluia, o Senhor ressuscitou. Todo este mundo fechado em si mesmo, apenas com valores consumistas, que pensa apenas em dinheiro, não tem futuro.

Essa crise que estamos passando pode nos ajudar a rever os conceitos, rever os nossos valores, rever o que realmente é importante. A páscoa vem como a grande ajuda para rever o que o Senhor e a Igreja nos oferecem através de sua liturgia para no dia-a-dia vivermos e sermos pessoas ressuscitadas.

Pe Carlos Gustavo Hass
Revista de Aparecida